Saturday, September 3, 2011

DØDHEIMSGARD - Monumentalmente Cornetos.


Em  1999 descobri o BM graças a um pequeno texto n'O Público sobre a  vinda de Dimmu Borgir ao Hard Club. Nunca em tal coisa tinha ouvido  falar até então e rapidamente tratei de pôr as mãos no hit do momento, o  deliciosamente cheesy e kitsch-friendly qb, Spiritual Black Dimensions.  Desse mesmo artigo retive na memória o mais pomposo nome entre as  bandas de abertura (não, não foi dork fun fer all). Um par de anos  depois, finalmente com o 666 International nas mãos, descobri o Fim do  BM (tipo a teoria parva do fukuyama,  mas sem o wishful thinking). Daí até ter encomendado a um antigo dealer  de discos ircano as versões originais dos cds anteriores foi só um  passinho.

1 - O Cornetos até ao Congo  estreou então os super-grupos no BM (mas alguém consegue mesmo ouvir  mais do que 3 músicas seguidas de Twilight de cada vez?). Um verdadeiro  hino ao grande caprino, com a presença singular tito fenriz, com linhas de baixo que ganham vida própria a meio dos riffs super-vitoriosos do tio Al(drahn),  cujos vocais possuidamente vitoriosos são mais declamados do que  gritados, e um Bitoques a marcar o ritmo na bateria sem cair no ridículo  de "burst beats" ou o raio que o parta. Se não chorardes com a Mournul, yet and forever, então tendes corações de pedra e não mereceis ler estas palavras. Se não vos apetecer espezinhar o JC na cruz, sois uns meninos da sala dos 5 anos.

2 - Sobe a parada, sai Fenriz, entra Apollyon - actualmente a abanar a anca com os nossos pandas preferidos - exumem o Max von Sydow e venha daí essa Possessão Monumental.
Ataque vocal triplo (Al+Bi+Ap),  bateria nuclear e riffs a disparar maldições que nos fazem,  efectivamente, encerrar o punho virado para o céu e fazer caras muito  feias. De frisar a voz goblinesca do nosso emigrante paquistanês  preferido (que só no escrito em águas se ouve tantas vezes). É preciso  perder tempo com mais palavras?

3 - Bitoques começa a tomar as rédeas do conjunto e começa a entra a "what the fuckness". Agora com a presença do bigode mais ridículo de toda cena musical e do poeta das retretes, vozes por conta do Al, violinos e grand-pianolas à maneira, em 16 minutos que parecem uma trip de salvia em versão stereo only where available,temos O porta-estandarte da arte satânica, das letras sem sentido aparente e das alcunhas menos genéricas de sempre ("Mr. Dead Meat Smelly Feet").

4 - Pegar hoje no 666 International  sem fazer os TPC, é ignorar que há uns 10 anos atrás isto foi a coisa  mais maluca e mais "à frente" alguma vez feita com o carimbo de músicas  patrocinadas pel'O Grande Bode. Fazer um "/ame ouve Dødheimsgard - 666  International" no IRC dava direito a ostracização imediata em certos  antros mais ortodoxos (e um kick+ban) e comparações com "martelinhos",  "trance", "pastilhas" e "ei, cortaram o cabelo e estão vestidos de  palhaços" eram o pão nosso de cada dia.
Consta que seria um disco de bm "normal", mas as trips de ácido do Bitinho & Cpa. começaram a dar para o torto e assim foi cagado algo que merece estar no pódio dos melhores discos de black metal de sempre, recheado de loops manhosos, interlúdios de grand piano, ruídos industrialóides, video-clips no youtube com Transformers e David Lynchas e ainda corpsepaint de fazer corar os fãs do Boom Festival.
Reza  ainda a lenda que o ácido foi tanto que o Al deixou a banda para criar a  filha e os rottweilers nos fjordes norskos (mas regressou entretanto  com TheDeathtrip), o yussaf deu numa de eremita em Espanha, o apolião decidiu juntar-se aos immortal para ter dinheiro para rolos de caracóis, o zweizz ganhou uma paixão por doughnuts e cerâmicas, enquanto o nosso amigo Carlos-Miguel atirou-se do 5º andar porque não queria tocar mais bateria para o resto da vida depois do registo mais insano de sempre.

5 - O Supervillain Outcast  (uma capa com um cartoon do Vic feito de cânhamo?) para já é outra  estória, quanto mais não seja por DHG ter passado a ser a "banda do Vic"  e pela saída dos outros bacanos de culto todos. Apesar de ter gostar  dele em Code, é da minha opinião que o qbhosta esforçou-se  demasiado aqui para se colar às vocalizações do Al. Tem músiquinhas mais  orelhudas,  participação especial do Al em duas ou três delas, e a última bateria  de sempre gravada pelo CZ, se não me engano. Se não gostarem do  resultado final por soar demasiado bonitinho, podem sempre procurar nas  webz a versão bateria+guitarra que leakou uns tempos antes.

Ou então  podem ir ouvir Opus Draconis, lulz.



Publicado em 
07/07/2011 22:07